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CENA

CENA

23
Abr09

Cine Limpo

gana

 

 

Amor de Perdição (Amor de Perdição)


Como ponto de partida para este filme, convém frisar que estamos perante a obra de um realizador que mencionou a nula existência de filmes dobrados em português (tirando os bonecos para os garotos) como possível justificação para o assumido divórcio entre o público e a produção cinematográfica lusa. Trata-se, portanto, de um profissional da 7ª arte que tece noções exactas, ainda que sobre uma qualquer realidade paralela onde nenhum de nós vive. Esclarecida a questão clínica que assombra este senhor, note-se que este “Amor de Perdição” tem o homem que faz a voz dos anúncios do Pingo Doce usando a sua voz de homem que faz a voz dos anúncios do Pingo Doce para dizer que uma filha dele não se mete com um filho do Virgílio Castelo, que, por seu turno, pensa que este filme retrata à letra o romance original de Camilo Castelo Branco e, nesse sentido, diz todas as suas falas com entoação e tempos verbais do século XIX. Nota-se, por isso, a confusão na cabeça de Virgílio Castelo em estar a fazer de mecânico – não por achar que não existiam profissionais da área naquela época, mas por ter a certeza que aquele modelo da Opel a que esteve a mudar o óleo durante todo o filme não existia no tempo dos reis - e a performance sofre com isso, como sofreria por qualquer outra razão. Todas as personagens parecem pessoas a ler um mau poema como se fossem garotos da 4ª classe, excepção feita ao senhor que faz a voz do homem dos anúncios do Pingo Doce, que optou por ler os seus textos com a voz e tom do homem que faz os anúncios do Pingo Doce. Em suma, esta película é essencialmente uma excelente forma de levar os jovens a voltarem-se mais para a leitura e tudo o que não seja cinema. 

 

Classificação: 2/10
(N.B: 3 pontos de bónus porque, sem perceber bem porquê, fiquei com vontade de ir comer uns pudins que há lá no Pingo Doce e, quando como aqueles pudins que há lá no Pingo Doce, fico consolado)

 

O melhor de “Amor de Perdição”: Nem que seja por comparação, o livro subiu 2 mil por cento no seu índice qualitativo. Curiosamente, aquela versão de Manoel de Oliveira ficou exactamente na mesma.

 

O mais ou menos de “Amor de Perdição”: Quando der na televisão, posso dizer que já vi e ir ver outra coisa num outro televisor do sítio onde estiver na altura. Se não houver outro televisor, amuo e vou para minha casa, dizer mal das pessoas na Internet.

 

O pior de “Amor de Perdição”: As pessoas “ah, prefiro o livro” vão ter razão e, enfim, ficamos sempre umas centenas de anos mais perto da Idade Média sempre que as pessoas “ah, prefiro o livro” têm razão.

 

Crítico Cine Limpo

T.C.

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