Exterminador Implacável: A Salvação
Terminator Salvation
Qualquer pessoa de bem ficaria logo horrorizada se, em vez de trailers, tivesse passado uma versão, pelos vistos integral, dum anúncio abjecto a uma cerveja que, valha-lhe a coerência, se lhe equivale no nível de abjectice, e que segue a emética narrativa do “eh pá, é fim-de-semana e reparem como nós somos todos tão estilosos e nos divertimos tanto à noite, isto apesar de, calma, também sermos sensíveis, não somos nenhuns jagunços bêbados, e até tiramos fotografias a preto e branco quando está a chover, tudo isto ilustrado com uma cantiga de rock chorão, que, futuramente, pessoas atrasadas mentais dedicarão a outras pessoas atrasadas mentais nas redes sociais da Internet”. Portanto, vamos fingir que isto não aconteceu e tentar analisar o filme, que não tem culpa nenhuma, mantendo a cabeça fria. Ora, realizado por um tipo com nome de canal de música – o que é, convenhamos, um belo princípio -, este filme desenrola-se em 2018, ano em que John Connor, emblemático líder da resistência humana contra as máquinas más, tem a cabeça a prémio, sendo que a cabeça, desta feita, é a do actor Christian Bale. Essencialmente, é pena que os terminators façam cada vez menos jus ao nome e mais pareçam bullies de liceu, uma vez que passam 90% do seu tempo a atirar as pessoas contra cacifos, ainda que aparentemente feitos de folha de alumínio. Há explosões grandonas – de resto, meter tudo a explodir parece ser a segunda opção para o que quer que seja, logo a seguir a “oh, manda-lhe uns tiros a ver o que acontece” -, há um terminator grandão (que sim, é tão absurdo quanto soa, quiçá mais, sobretudo em voz alta, aos berros), para aí do tamanho dum prédio, daqueles só com dois andares, mais caseirinhos, e, na verdade, ficamos com a sensação que, tivesse o Wolverine aparecido a qualquer momento, até faria sentido. Não sei explicar, mas se ele tivesse aparecido do nada, a arranhar terminators, o meu grau de admiração seria 6/20, o que é manifestamente pouco. Mas nem tudo são más novidades, e há que louvar de forma entusiástica o facto de, finalmente, se poder ter tido acesso directo ao estímulo visual único que constitui o meter os olhos num terminator que usa uma fita na cabeça. E nem sequer é um boss final ou assim, é apenas um terminator genérico que usa uma fita na cabeça. O que se retira daqui é que nem as máquinas mais avançadas estão livres do mau gosto. Podem-nos matar, robots, mas as nossas modas labregas viverão para sempre! Chupem, máquinas!
O melhor de Exterminador Implacável: A Salvação: além do terminator com uma fita na cabeça – que é, não só a melhor cena deste filme, mas a melhor de toda a história do cinema pós-1982 e pré-1965 -, há a destacar o facto de, através da acção de Jonh Connor, termos ficado a saber que, no futuro, quaisquer dois cabos eléctricos numa fábrica permitirem levar a cabo uma reanimação cardiopulmonar de emergência, o que permitirá poupar bastante dinheiro em desfibriladores. É que aquilo ainda é caro.
O mais ou menos de Exterminador Implacável: A Salvação: em 2018 só há cantigas dos anos 90, e o plural aplica-se porque, com efeito, serão apenas duas. Um revivalismo 90’s é sempre uma boa notícia, mas não tão boa ao ponto de não ser também apenas uma notícia mais ou menos e ser, em vista disso, inserida nesta categoria em concreto. Assim com’assim, é já daqui a nove anos.
O pior de Exterminador Implacável: A Salvação: confesso que, entre tanta ida ao futuro e questões sobre linhas temporais que possuem o condão exclusivo de me fazer doer a cabeça em segundos a tentar percebê-las, tinha a secreta esperança que Jonh Connor viesse a descobrir que era, afinal, o seu próprio pai. :(
Classificação: 5/10
Crítico Cine Limpo
T.C.