Trufa
Produtor: Nestlé
Colecção: Longa Vida Vidro
Outras informações: Sobremesa láctea refrigerada com chocolate
Uma fotografia que não faz jus ao quão lamacenta é a cor deste iogurte. |
Avaliação: antes de mais, um pequeno intróito para dizer que a trufa é um fungo que, há cerca de três mil anos, se transformou em iguaria com o único propósito de ajudar a distinguir mais facilmente um idiota de uma pessoa normal. De facto, a exemplo – ainda que a diferentes níveis - dos descapotáveis, das perfomances/instalações conceptuais ou da frase “o livro é sempre melhor”, também a trufa tem este fascinante poder, o de identificar rapidamente um idiota e com uma eficácia que roça os 100%. Não é, com efeito, muito longe desta dinâmica de reconhecimento de idiotas que a trufa de chocolate – o elemento principal do iogurte hoje em análise - é criada, uma vez que esta última pretende responder às necessidades de pessoas que gostavam de ser idiotas de corpo inteiro (como são os apreciadores de trufa, o fungo), mas que, ao fim e ao cabo, acabam por não o ser porque a trufa a sério é cara com'ó raio. Deverá a pretensão a esse estado ser mais condenável - por parte de todos nós, as pessoas normais que não andam por cá para meter nojo - que a verdadeira existência de um estado de profunda idiotice? Esse é um debate quasi-centenário que, em boa verdade, merece discussão em locais onde a ofensa gratuita e pessoal seja socialmente aceite e encorajada. Adiante. E, bem, posto isto, posso adiantar que este iogurte Trufa vem no clássico, e por aqui sempre aplaudido, copo de vidro, o que, sem grande margem para dúvida, é característica para, só por si, aumentar as expectativas. A questão é que este produto começará por deitar logo por terra quaisquer expectativas positivas que se pudessem ter erigido na psique do consumidor; e tudo porque a cor se apresenta como demasiado próxima da lama para não ter efectivamente lama, seja muita, seja pouca. De modo que a dúvida em tom de lamento “então mas eu comprei lama num copo de vidro?” persistirá, com toda a propriedade, na sua mente. Mas por pouco tempo! A consistência deste Trufa vem rapidamente em nosso auxílio e, estando muito longe de algo associável a lama e bem mais a mousse de pacote, acaba por ser revelar como absolutamente decisiva na destruição dessa incerteza. Ufa. A textura apresenta-se, de resto, como o ponto forte de tudo isto, sendo que isso se torna inequívoco quando chega a hora de rapar a embalagem, revelando-se aí o Trufa como um iogurte que se rapa fácil e naturalmente, sem grandes malabarismos ou ginástica. Esta característica é ainda mais louvável se nos lembrarmos que a parte de rapar a embalagem será sempre o calcanhar de Aquiles dessa mítica entidade que é o copo de vidro enquanto recipiente de iogurtes. Todavia, enfim, devo dizer que estamos perante um produto algo enjoativo, salvo apenas pelo copo de vidro, perfeito para servir de vaso a um pé de feijão que se queira criar em casa para aquela rapariga toda ecológica e em contacto com a natureza achar que afinal até temos muito em comum e nos mostrar o regaço durante uns tempos.
Então e para lá do prazo de validade?
Quando já der para germinar pés de feijão, aconselho a não comer. Pelo menos tudo.
E em termos de nódoas?
Deixei cair nas calças, mas vou deixar secar, para depois raspar com as unhas. Cheira-me que sairá facilmente. Prevê-se uma boa prestação deste Trufa nesse capítulo.
Há uma colher ideal para uma degustação em toda a sua plenitude?
Nunca.
Nota final: 11
Crítico Prova Limpa
Jaime