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CENA

CENA

04
Set09

"Butterfly", de Crazy Town

gana

 

Nos últimos meses, uma habilitada delegação dos GANA – composta por meia dúzia de indivíduos, entre elementos fundadores, colaboradores e afins – reuniu-se para eleger o melhor teledisco da década que em breve findará (2000-2009). Vá ler o resto da intro ao capítulo anterior, se quiser. Não sou seu criado.

 

E, se foi ler a intro como lhe mandei, já deve saber que é favor ver primeiro o clipe, de mente aberta, sem estar já todo influenciado pelo que depois se diz! Agradecido.

 

 


Já está? Olhe que tenho forma de confirmar isso. Bom, este segundo clipe musical surge aqui enquanto venerável escolha de Filipe Ferreira.

 

Bio Oficial de Filipe Ferreira

 

Filipe Ferreira é arquitecto de formação, colaborando com os GANA a nível de vozes, ideias avulsas, ideias normais e ir a jantares para a mesa ficar mais composta. O seu principal poder é o facto de nunca chegar a nada sem ser atrasado.

     Filipe Ferreira

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Informações gerais

Datado de 2001, “Butterfly” é realizado por Honey (?-?), tendo sido filmado no decurso de um único dia em Los Angeles. O teledisco conta com a animada presença dos elementos da banda e gajas. Como fait-divers, podemos adiantar que todos os elementos da banda têm uma alcunha (Epic, Shifty, Squirrel, Faydoedeelay e Trouble Valli), excepção feita ao baterista. De resto, o baterista só não tem alcunha porque é o que tem menos amigos na banda. Prova disso mesmo é o facto de apenas ser convidado para as festas de aniversário quando o aniversariante convida alguém e o baterista também lá está e parecia mal não o convidar. Os bateristas são, a nível mundial, a pessoa que os outros elementos da banda menos gostam, essencialmente porque podem estar sentados, sendo que, depois, o cachet é a dividir por todos na mesma. Os outros músicos tendem a achar injusto. Ou seja, e para esclarecer desde já, o baterista dos Crazy Town não é aquele que todos menos gostam por ser de outra cor, atenção. Cautela com essas hipóteses de teor coiso!

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Pontos a favor

 

1. Ao passo que quase todos os telediscos seguem o cânone nórdico – i.e., é bastante fácil definir qual a pessoa mais odiosa -, este “Butterfly”, dos Crazy Town, tem a extraordinária característica de nos vetar a escolha de que gajo abominar mais. Não digo que, aqui, todos os intervenientes sejam detestáveis por igual, mas o que acontece é que, quando achamos que “eh pá, olha-me para este idiota, é o que odeio mais”, surge outro que coloca tudo em xeque. E, como sabemos, é sempre amplamente positivo quando um teledisco nos desafia a esse nível tão profundo.

 

2. Para além do penetrante desafio e estímulo mental referido no ponto anterior, este teledisco levanta diversas questões ao nível da sempre emblemática questão “então mas afinal está frio ou calor neste clipe?”. A floresta aparenta um ar marcadamente tropical, mas isso pode querer dizer pouco em relação aos “mãe, é preciso levar casaco?”; e, na verdade, temos é que nos centrar na indumentária das pessoas que estão, de facto, a vivenciar o clima em causa. E que temos? Ora, três pessoas em tronco nu (o que, em princípio, significa uns 30/35 graus ou que as pessoas estiveram a acartar coisas), duas de t-shirt (pouco acima de 20 graus, portanto) e um de camisa – invernal, cheira-me, abotoada até cima - e gorro (10 a 13 graus). Por outro lado, pode ter acontecido terem estado a jogar à bola e, para facilitar a distinção, três estavam de tronco nu e outros três estavam de tronco coberto. Também é possível. Enfim, são tantas as hipóteses.

 

Cá os temos. A vermelho, as pessoas em tronco nu, deixando antever

uma temperatura de 30/35 graus e, a azul, as pessoas de t-shirt, claro

indicador de uma simpática temperatura a rondar os 23 graus. Tudo

bem, nada de muito díspare.

 

Mas, ai o caraças, está aqui um

homem cheio de frio, porra! Afinal

como é?

 

3. O terceiro ponto profusamente positivo prende-se com acções do vocalista que tem t-shirt. Primeiro, ainda antes do minuto um (aos 48 segundos, para ser mais exacto - valores indicativos, não sou nenhum autista), este homem brinda-nos com os melhores quatro (creio) segundos de dança a pensar que se tem estilo e sem ser a gozar. Mais adiante, ao minuto e cinquenta e quatro, e percebendo que se tinham esquecido de gravar uma parte, este homem, o vocalista de t-shirt, ofereceu-se para gravar em casa, tendo acabado por gravar esse pedaço com uma daquelas coisas de protecção de ecrã do Windows ou fundo de ecrã, sei lá, por trás. Para o público não notar muito a diferença, está bom de ver, mas há que valorizar aqui essencialmente o desenrasque, que chamar toda a gente só para gravar um bocadito tende a ser um tormento logístico.

 

Apenas um pequeno momento dos melhores

quatro (creio) segundos de dança a pensar

que se tem estilo e sem ser a gozar.

 

Momento "sabia que?" desta vasa de legendas:

Aquela música do Windows a começar  (a tumtu-

numtumnanan) é da autoria do Brian Eno? A do

Windows a acabar (tunumnumnum) também deve

ser. Faça, no primeiro caso, apostas às cegas com

os seus amigos e moderadamente, no segundo.

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Pontos contra

 

1. Andar no mato em tronco nu é um perigo, nomeadamente, se algumas daquelas ervas forem feno (tudo indica que sim) ao nível da febre da carraça. Tal como no teledisco anterior (escolha de Pombeiro), temos então mais um mau exemplo para as crianças. Neste quadrante, considero-me bastante liberal, até porque bem sei que é complicado para um conjunto de música não enveredar em comportamentos de risco. Logo, é também complicado que os seus clipes musicais não evidenciem pelo menos um desses comportamentos. Compreendo tudo isso; agora não me peçam é para enaltecer essas mesmas condutas arriscadas. Não contem comigo para isso!

 

2. Não entrando em contradição com o ponto primeiro da categoria anterior, devo confessar que o guitarrista me assusta. Fisicamente, já deixa as pessoas na dúvida se não se trata de um sociopata que, por exemplo e não sendo demasiado específico, escreve poesia na parede do quarto dos pais com as próprias fezes, mas depois há que contar ainda com o facto de adoptar posturas pavorosas, de marioneta ou afim, balançando a cabeça. Tenho medo desse homem, dispensava-se.

 

Aquele homem que mete medo, sempre a abanar a cabeça, ora para a esquerda, ora para a

direita, a imitar um boneco, só para assustar as pesssoas. Velhaco.

 

3. As bandas de música têm a extrema necessidade de mostrar que comem gajas, não vá alguém esquecer-se. Este teledisco é apenas mais um culminar visual dessa apreensão e, nesse sentido, somos obrigados a constantes manifestações de “estás a ver esta gaja? Ando a comê-la”; o que, se alguma coisa, dá pena e vergonha alheia. Além de que se percebe perfeitamente que são gajas pagas, que nenhuma mulher do planeta alguma vez quis ver nu um homem com as unhas pintadas com as seguintes cores: preto, cinzento, etc.

 

"Já deve dar para ver que ando a comer esta

gaja. Estou aqui ao pé dela, as pessoas já

devem perceber que ando a comer esta gaja, ".

 

"Se calhar não chega. Vou-lhe meter o polegar

na boca e assim as pessoas ficam com a certeza

que ando a comer esta gaja. A comê-la."

 

"Vou mas é dar um beijo com a minha boca na

boca dela e assim as pessoas ficam mesmo a

ver que eu ando a comer esta gaja. Ela também

me está a dar beijos com a boca dela na minha

boca."

 

"Eu também estou a comer uma gaja! E ela gosta

mais de mim que eu dela, que eu tenho muitas

namoradas. Esta é amiga da outra, não é nada pu***."

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: Este clipe dos Crazy Town começa bem, com uma floresta tipo Jardim do Éden, com algumas partes feitas em computador - mas bem feitas, em Super VGA. Mas, à medida que os minutos vão passando, não há grandes desenvolvimentos (só tatuagens e gajas a transformarem-se em borboletas, nada de especial), e, perante início tão promissor, acaba por saber a pouco. Bem, uma escolha digna, sem dúvida, apesar de Filipe Ferreira lhe ter associado um espectro de rebaldaria e falta de respeito por esta eleição ao não escrever o titulo e intérprete do clipe no boletim de voto (como fizeram todos os restantes elementos do júri), mas antes a descrição “é aquele vídeo dos Linking Park, numa floresta, com borboletas, está a banda toda a tocar, toda lá na floresta e aparecem umas gajas”.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "Filipe Ferreira, por que razão escolheu este teledisco?"

 

Filipe Ferreira chegou atrasado à conferência de imprensa onde nos  elucidaria e, tendo o analista Clipe Limpo o tempo contado devido a boleias e assim, não foi possível recolher o seu depoimento.

 

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

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