Cine Limpo
Singularidades de Uma Rapariga Loura (Singularidades de Uma Rapariga Loura)
Uma rapariga, nem especialmente loura, está à janela com um leque – eventualmente um abano - inqualificável, que lhe cobre parte da cara, depois baixa o leque que, eventualmente, até será um abano, e vê um idiota de fato e barba mal semeada que baixa uma folha de papel A4 que também tinha à frente das fuças, enquanto, em off e com um sotaque do Porto, tem um diálogo num tom que parece gozo e/ou com uma cadência própria de atrasados mentais, daqueles que só reagem ao que acabaram de ouvir um porradão de segundos depois, diálogo esse que é interrompido por um sino – parece que é obrigatório ouvir-se sempre um sino, não sei – e por um plano da rapariga não especialmente loura a olhar, desta feita sem leque, apesar de o leque, agora já parecendo menos um eventual abano, regressar pouco depois, na mão da rapariga enquanto esta ouve o homem com barba mal semeada perguntar se a pode tratar por menina, o que me pareceu a altura ideal para deixar de ver e jogar serpente no telemóvel, tendo, no decurso deste hobby, ouvido zero “shhhsss’s”, pese embora o barulho dos meus graciosos dedos a tocar as teclas ser, objectivamente, digno de execução sumária; o que, enfim, diz muito, para não dizer tudo, sobre este trailer.
O melhor de Singularidades de uma rapariga loura: não se aplica.
O mais ou menos de Singularidades de uma rapariga loura: o Barcelona x Chelsea ficou zero-zero
O pior de Singularidades de uma rapariga loura: enquanto estiver em cartaz, vai-me obrigar a chegar sempre oito minutos depois da hora marcada para o filme que for ver.
Classificação: não/10
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The International – A Organização (The International)
É o enésimo filme de Clive Owen de - escusado será dizer - fato, sendo que, desta feita, o actor britânico se revolta contra um banco qualquer, achando que a organização de crédito em questão merece responder pelos crimes de conspiração e branqueamento de capitais, ou vice-versa/outras quaisquer que eu confundo com peculato porque, lá no fundo, é uma palavra que gosto muito de dizer em público. O banco em questão é luxemburguês, o que me remeteu logo de rajada para o Quim Machado, rudimentar defesa lateral de clubes primodivisonários das décadas de 80 e 90, que chegou a jogar como principal dínamo ofensivo, vulgo criativo/“número 10”, precisamente no campeão nacional do Luxemburgo, o Dudelange, tendo inclusive atirado uma bola à barra contra o Benfica, num particular de pré-época. Entretanto, tal como o Clive Owen, também todos os maus do filme usam fatos impecáveis, que é, como é sabido, a indumentária perfeita para andar a correr aos tiros no meio do Guggenheim - um museu, ao que parece. Amplamente curioso é o facto de Quim Machado, na foto que tem no informativo site zerozero.pt, também estar de fato. Estas coincidências arrepiam-me todo e hoje vou dormir de luz ligada, cheio de medo. A conta de electricidade é a dividir, por isso, tal como quando se pedem whiskeys duplos em jantares de turma, não me vou sentir muito culpado.
O melhor de The International – A Organização: Uma das cenas de tiros, das dezenas que existem no filme.
O mais ou menos de The International – A Organização: Uma das cenas de porrada, das dezenas que existem no filme.
O pior de The International – A Organização: Quim Machado até podia ter entrado, das dezenas de gajos de fato que existem no filme.
Classificação: 4.5/10
Crítico Cine Limpo
T.C.