Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CENA

CENA

09
Out09

Clipe da Década - A Votação

gana

 

E, voilá, cá chegamos nós, após conhecer os seis candidatos a fundo, à fase final desta eleição para melhor teledisco da actual década. Relembramos que o teledisco vencedor será, através do GANA ou colaborador que o nomeou, premiado com um farto jantar, pago pelos GANA e colaboradores derrotados. Um dos votantes será sorteado, aleatoriamente, para ir também jantar, mas só pode comer do prato dos outros, quando tiverem terminado (deve ser indiano, aquilo dá bem para rapar tudo dos pratos com aqueles pães lá deles), e partilhar uma sobremesa com, em princípio, Zé Bernardo. Quanto mais votar, mais hipótese terá de ir jantar connosco!

 

Deixamo-los com um pequeno resumo das escolhas, bem como com um vídeo miscelânea que tem exactamente o tempo que qualquer pessoa demora, em média, a distrair-se. Se não lembrar de algum teledisco, clique no título do respectivo. Clique ainda nas cabeças dos votantes, só algumas é que têm surpresa.

 


 

 

João Pombeiro - Hero

Pombeiro, o polivalente realizador dos GANA (o João Moutinho dos GANA – uma metáfora que ele nunca perceberá), optou por uma obra nada polémica, no sentido em que não há vivalma que não ache isto digno de evitar que se esmurre alguém. Enfim, não votem nele, que, ainda por cima, se for ele a ganhar, vai querer vegetariano, o que é uma derrota para todos os outros, obrigados que serão a ir logo cheios de fome comer uma bifana num café.


 

 

Filipe Ferreira - Butterfly

Filipe Ferreira, fiel colaborador dos GANA, escolheu o teledisco de uma das duas únicas cantigas cujo refrão sabe de cor. Lembrando que é uma pessoa que chega sempre muito atrasada, não votem nele, que ninguém está para começar a jantar às 23h30. Além disso, continua a insistir que o vídeo que escolheu é dos “Linking Park”.


 

 

Marcelo Barbosa - Brega do Raparigueiro

O colaborador gaúcho dos GANA escolheu um teledisco de ambiência sobrelotada e meio psicadélica, mas onde o novo som dos Smashing Pumpkins encaixa na perfeição. A fotografia de Marcelo não pode ser publicada porque ele tem problemas com a justiça brasileira devido a casos menores de branqueamento de capitais, lenocínio, pirataria informática, pirataria, tráfico e viciação de veículos furtados e fogo posto.


 

 

João Moreira - Torero

Moreira, após fazer birra porque queria escolher uma das centenas de montagens dum seriado japonês chamado Naruto com músicas diversas, lá aceitou escolher um teledisco habilitado à participação nesta eleição. Torero é, sem dúvida, um forte candidato, embora Moreira não deva vencer para não ficar ainda mais inchado do que já anda (já que, por alguma razão, ficou orgulhoso por o seu actor preferido – Paulo Betti – andar com a Marta Leite Castro).


 

 

Zé Bernardo - Boiler

O terceiro colaborador que teve a honra de participar nesta eleição, Zé Bernardo, optou por um vídeo com algum valor, nomeadamente ao nível das referências aos Cornettos do Aires. Zé Bernardo tem a vantagem de ter carro - e é sempre bom alguém com viatura ter jantado à borla -, mas estaciona muito longe porque desde os dez anos que não tem noções básicas de distância.



 

Pedro Santo - A Marcha dos Golpes

Além de ter escolhido um teledisco bastante carismático, Santo tem o mérito de, se não vencer, inventar uma desculpa para não ir ao jantar, existindo já de resto relatos de que é indivíduo capaz de simular (ao ponto de convencer médicos e seus exames) os sintomas de gota e ser hospitalizado sempre que se quer safar de algo. Apesar da aparente amoralidade que o define, talvez mereça o jantar pago mais que os outros, uma vez que, dos seis votantes, foi a única pessoa a já ter, efectivamente, sonhado com Chicken Jalfrezi.


 

Vídeo pout-pourri dos clipes candidatos

 

 

 

VOTE BEM!

 

Qual é o melhor teledisco da década 2000-2009?


"Hero" - Chad Kroeger e Josey Scott
"Butterfly" - Crazy Town
"Brega do Raparigueiro" - The Smashing Pumpkins
"Torero" - Chayanne
"Boiler" - Limp Bizkit
"A Marcha dos Golpes" - Os Golpes
 

 

  

Analista Clipe Limpo

Mauro

02
Out09

"A Marcha dos Golpes", d'Os Golpes

gana

 

É o sexto e último candidato a clipe de índole musical da década. A escolha é de Pedro Santo, e, se não sabe o que se passa aqui, vá ver ao arquivo, sozinho, que a minha vida não é fazer hiperligações para o menino.

 

 

 

Pedro Santo

(aqui, e porque tentava ainda estar inserido em sociedade, sem a barba de três quinze dias que costuma ter, feito um animal)

Um dos três membros fundadores, Santo é o que tem mais força, contribuindo decisivamente para isso o facto de Moreira e Pombeiro terem compleições tísicas. É a pessoa com mais confiança, quer com Pombeiro, quer com Moreira, aproveitando esse facto para os colocar frequentemente um contra o outro. Em breve, as produções GANA terminarão devido aos diversos vícios de Santo (jogo e Amphaplex, à cabeça), que, todavia, com a sua argumentação singular, convencerá todos, inclusive o próprio, que a culpa é de Pombeiro.


__________________________________________________________________________________

 

Informações gerais

Realizado por Tiago Cravidão, “A Marcha dos Golpes” apresenta uma estética profundamente “Alentejo sem Lei”, com os quatro elementos da banda a andar a cavalo e a tocar a cantiga. A título de mera curiosidade, pode-se adiantar que Os Golpes dantes tinham outro nome, Os Quatrocentos Golpes, mas entretanto deixaram cair parte do título da obra de Truffaut, um homem francês que entrou num filme do Spielberg. Parece que Quatrocentos Golpes é a expressão francesa equivalente aos nossos “pintar o sete”, “trinta por uma linha” ou “o diabo a quatro”. Vá ao Nimas (cinema Lisbonense) quando houver reposições de Truffaut e tente conquistar mulheres usando esse conhecimento de forma avulsa. Se não resultar com uma que seja, mate-se, que este mundo está perdido.

__________________________________________________________________________________

 

Pontos a favor

 

1. Ter um conjunto musical costuma significar comportamentos de risco, mas em lado nenhum está escrito que não se deve ter cuidados com o sol. Colocar creme Nivea pode soar pouco a rock, mas ter um escaldão mesmo no meio da cara ainda soará menos. Lembro-me que na minha escola havia sempre garotos que tinham ido à praia no Domingo e, com um escaldão nas costas, eram metralhados com chapadas, precisamente dorso abaixo. Os Golpes até podem ter sido desses garotos, mas aprenderam uma lição para a vida, e agora, homens feitos, não dispensam o creme Nivea quando sabem que vão andar à chapa do sol. 

 

Dois elementos d'Os Golpes, acautelando-se perante o sol,

que já ia bem alto.

 

2. Não há grande profundidade a nível de dados oficiais, mas arrisco-me a dizer que Os Golpes são a única banda a nível mundial em que todos os seus elementos sabem andar a cavalo. E exemplos de bandas em que nem um elemento sabe andar a cavalo são mais que muitos, como é sabido (Dire Straits, Skunk Anansie, Connells, Current 93, entre outros)! Não esquecer que andar a cavalo é complicado, não é pêra doce. Não é alugar quatro cavalos e subir para lá para cima! Não é como alugar uma gaivota para pedalar em alto-mar e depois não conseguir voltar e ter que chamar a Guarda Costeira, lavado em lágrimas, cheio de fome e sede, e ser levado para a praia, de rabinho entre as pernas, que vergonha. Bem, é de facto transcendente que todos Os Golpes saibam cavalgar. A não ser que se tenham conhecido no Hipismo e decidido formar uma banda anos depois. Se for o caso, perde alguma singularidade cósmica.


"Mau, então mas não eram os quatro elementos d'Os Golpes a

andar a cavalo? Só vejo dois!", dirão os leitores.

 

Calma, cá estão os quatro, dois estavam escondidos numa

ilusão de óptica. Sucede o seguinte: Os Golpes estavam a usar

uma das suas várias técnicas furtivas de combate, dando a

entender a exércitos inimigos que eram apenas dois, para,

num ápice, duplicarem o poderio da sua infantaria. Mais

técnicas de combate furtivo/fuga dissimulada d' Os Golpes

adiante.

 

3. Não podia passar sem referir os momentos de maior acção, destacando-se um dos demais: o movimento presente na imagem abaixo equivale a derrapagens de cavalo. Embora, aparentemente, apenas dois d’Os Golpes (50 por cento) consigam fazer, continua a ser proeza digna de elevado referencial. Sobretudo sabendo nós que existem bandas onde nem uma das pessoas consegue fazer estas derrapagens de lado num cavalo (Dire Straits, Skunk Anansie, Connells, Current 93, entre outros).

 


As derrapagens. Isto em imagem parada pode parecer fácil,

podendo inclusive levar alguns a clamar "pfff, grande coisa,

isso também eu faço", mas não é bem assim, comuns mortais.

É ver o vídeo e, ali por volta dos 2:55, perceber que fazer

derrapagens de lado com um cavalo é deveras lixado.

 

4. São aqui expostas duas boas técnicas de fuga dissimulada de qualquer sarilho ou, mais especificamente, de um bando de indivíduos de aldeia vizinha armados de paus e forquilhas para ajustar contas relativas a rivalidades obscuras. Técnica 1: vestir todos de igual ou muito parecido, para o bando de indivíduos não ter bem a certeza de quem procura. É especialmente bom porque, depois d’Os Golpes se separarem estrategicamente, o bando pode andar horas a perseguir um indivíduo e não ser esse que queria surrar. Quando derem por ela, já o alvo do bando rival estará longe, rindo muito alto. Técnica 2: bater os pés para levantar uma poeira desgraçada e aproveitar que ninguém vê nada para se meter na alheta. Convém conhecer o local, senão, e porque você também não vê nada por causa do pó, ainda bate com a cara numa parede, ficando desmaiado e à mercê do bando de indivíduos de aldeia vizinha armados de paus e forquilhas para ajustar contas.

 


Os pés a fazer pó, a técnica nº 2 citada neste ponto 4. Se

tiver sinusite, é recomendável que opte por outra técnica de

fuga com distracção. Nenhum d'0s Golpes tem sinusite, logo,

se vir um nuvem de pó é provável que eles já se tenham

escapulido. 

 

5. Santo acabou de me enviar uma mensagem do seu celular dizendo para não esquecer os fios bem visíveis, demonstrando que não é playback, e dos vários planos dignos de Terence Mallick. Como não tinha a certeza do que é isso de planos dignos de Terence Mallick, mandei mensagem perguntando, ao que Santo respondeu com “se não sabes, mete o último, seu monte de sebo. E vai ao teu correio electrónico, mandei para lá uma coisa em anexo para usares na análise. Nunca mais me mandes mensagens”. Em baixo, fica então um plano digno de Mallick, sendo que, para convencer os visitantes do CENA, Santo fez ainda um desenho de um d'Os Golpes.

 

 

Um plano digno de Mallick, um realizador. Não sei se será

bem este, mas fez-se noite num instante, essa é que é essa.

 

Santo fez um desenho dum elemento

d'Os Golpes e acha que esse facto o

ajudará na vitória final. Decida você.

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: Muito boa escolha, esta. Icónico, pejado de mensagens subliminares que o vão tornar uma pessoa melhor, este “A Marcha dos Golpes” é, a meu ver, um dos dois mais fortes contendentes à vitória final. Não vou dizer qual é o outro grande favorito, mas posso adiantar que o pior é o de Pombeiro. De resto, Santo avisou-me logo - em tom de ameaça, mas não é por mal, é assim que ele fala – que este teledisco d’Os Golpes não tinha nada que ter aquilo dos pontos negativos, visto que não existem. Após visualizações do teledisco, vi-me obrigado a aceitar a simpática sugestão e a, como se pôde constatar, referir antes cinco pontos positivos.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "Pedro Santo, por que razão escolheu este teledisco?"

 

 

Pedro Santo

(clique na sua cara para uma surpresa - pode não ser um vídeo, atenção!)

“Era o que cumpria de forma mais eficaz o essencial binómio preferência/probabilidade de vencer, apenas isso. Fiz questão de ver o meu teledisco ser apresentado em último porque é minha crença que uma larga maioria da população tem o intervalo de atenção de um eucalipto e vai votar no último que viu. Espero vencer isto - através da minha selecção, bem entendido -, só para poder esfregar na cara dos outros. Votem nisto e nunca mais apanharão fila onde quer que seja, garanto-vos.”

 

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

25
Set09

"Boiler", de Limp Bizkit

gana

 

Esta semana não há nota introdutória. Escolha o seu GANA ou colaraborador preferido e leia a introdução do teledisco por eles seleccionado (Pombeiro, Filipe, Marcelo, Moreira, Zé Bernardo).

 

 

 

 


Zé Bernardo

E, à quinta semana, a vez de Zé Bernardo. Que adiantar relativamente a esta emblemática entidade? Colaborador próximo dos GANA, deste homem, embora muito se possa dizer, basta lembrar que é voz e alma de Manuel Bernardino de Souza. Se não sabe quem é Manuel Bernardino de Souza, tente-se estrangular diariamente até conseguir. A alternativa é clicar aqui.


__________________________________________________________________________________

 

Informações gerais

Datando de 2001 e com Dave Meyers (?-?) sentado na cadeira de realizador, “Boiler” destaca-se logo de sobremaneira pelo facto de ter sido filmado em Lisboa, feito que nem alguns dos vídeos musicais dos Xutos & Pontapés granjearam (aquele numas jaulas tinha ar de ter sido no Barreiro, que é, enfim, mais ou menos perto). A temática do teledisco é muito verosímil – todos querem matar o cantante dos Limp Bizkit -, mas bastante desactualizada – em tempos, todos queriam matá-lo, agora simplesmente ninguém quer saber, reagindo inclusive com um “eia, este gajo” (de pendor mais nostálgico que de aversão, há que notar) quando o vê num revista velha que estava caída atrás dum móvel lá em casa. 

__________________________________________________________________________________

 

Pontos a favor

 

1. Esta obra audiovisual entra muito bem, com, quiçá, o ponto a favor mais forte de todos os pontos a favor até agora identificados nos concorrentes a teledisco da década! Refiro-me, claro está, à honrosa participação da mítica roulotte do Aires em Lisboa, um negócio que acabou por dar para o torto por razões nunca esclarecidas. Seja como for, é com incontido entusiasmo que todos devemos receber a lembrança desta tentativa de expansão negocial, esperando ansiosamente que o Aires volte a tentar. O nome do estabelecimento foi ideia dum velho amigo, disse-me o próprio Aires (clique aqui para ver quem).

 

A rolotte do Aires em Lisboa. Quatro lugares sentados,

nada mau.

 

2. Finalmente, uma mensagem positiva num teledisco de Rock (tipo de música que, por norma, não quer saber). Ora, presumivelmente, o cantor dos Limp Bizkit acabou de ter sexo. Uau, que herói. Mas a questão é que, pouco depois, a mulher abre a boca e sai de lá um aparelho metálico que larga uma bola-bomba e aquilo rebenta tudo. Das duas, uma: ou se está a querer mostrar que ninguém se deve relacionar intimamente com o Limp Bizkit (uma descoberta que promete mudar o mundo, de facto), ou se está a querer mostrar que é sempre necessário ter basta prudência com mulheres bonitas que se queiram deitar com alguém que claramente não é do seu campeonato. Desconfie se uma mulher bonita o quiser ver nu. Jogue pelo seguro (clique aqui para mais informações em relação a esta postura defensiva).

 

Esta mulher nunca na vida se deitaria com

aquele homem. Estava-se mesmo a ver

que ia haver chatice.

 

3. Este clipe consegue, em diversas vertentes, retratar bem a cidade de Lisboa. É, por exemplo, bastante comum explodir um 5º andar inteiro, cair de lá um homem pequenito, e ninguém querer saber. Em Lisboa é assim. Para além disso, é comum sobreviver-se a uma outra explosão e acordar num bordel onde as cantoneiras são todas biónicas, mas, apesar disso, nos amam a sério. Basicamente, Lisboa é isto, estando por provar a existência de um monstro feito de salsichas nas suas catacumbas. Ainda há muita questão envolvendo Lisboa a carecer de evidência científica.

 

Um monstro feito de salsichas que habita a

Lisboa subterrânea. Isto deve ser mentira, por

isso é que está em bonecos. Se fosse a sério,

era em fotografia mesmo.

__________________________________________________________________________________

 

Pontos contra

 

1. Há, cheira-me, grandes hipóteses de o cantor ter dormido todo vestido e calçado. Descobri que isso não se podia fazer quando vi uma tia minha a chamar – através de berros, que será sempre a melhor forma de passar uma mensagem - “porco, seu porco” a um primo meu, quando o apanhou justamente todo vestido e calçado nos lençóis, em sua cama. A partir dos meus vinte anos, deixei de contar as vezes que, por achar que tenho a resistência ao álcool dum John Wayne, acordei todo vestido e calçado dentro da cama. Qualquer mãe vos dirá que dormir todo vestido e calçado dentro da cama não é correcto, seu porco, e ter telediscos a vangloriar este tipo de comportamentos como sendo os de pessoas que acabaram de ter sexo, enfim, parece-me despropositado.

 

Assinalável nível de descontracção, há que louvar,

para quem dormiu todo vestido e todo calçado.

 

2. Se, nos pontos a favor, coloquei entusiasticamente a presença da roulotte do Aires, agora tenho que lamentar a má imagem que, em determinados aspectos, dão do estabelecimento comercial em questão. Nunca ouvi falar em cair a cabeça a pessoas no Aires. Nem uma hamburga vir com minhocas (plural, que singular pode acontecer em qualquer casa de referência). Afinal, esta coisa de ter o nosso negócio de restauração a aparecer em telediscos de bandas internacionais pode ser contraproducente. Quem me garante a mim que não foram estas referências negativas que ditaram o fecho da roulotte do Aires? Em princípio, aquele carro a rebentar com tudo terá sido efeitos especiais, não sei.

 

Uma pessoa a ficar sem cabeça. Não há registos

de isto alguma vez ter acontecido no Aires. Só em

termos hipotéticos, através de ameaças e assim.

 

3. Para terminar este capítulo de evidenciação dos elementos mais negativos, saliente-se o facto de o vocalista dormir todo vestido e todo calçado, mas quando é para ser desenho animado já estar todo nu. Depois vai ter a uma gruta onde estão outros bonecos todos nus e faz-lhes um pirete, sem ter sido sequer provocado ou sem sequer lhe terem passado uma razia com o carro numa passadeira. Não percebo esta metáfora, palavra de honra. E eu até fui o primeiro da minha sala a perceber que aquele poema do Antero de Quental era sobre uma gaja.

 

Boneco do cantante dos Limp Bizkit fazendo um

pirete (censurado porque vêm cá muitos garotos ver

o Bruno Aleixo).

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: Excelente arranque, mas um final algo insonso, ainda que passado num daqueles templos à Indiana Jones onde um indiano mau arranca o coração a pessoas com as próprias mãos. A presença do engenho negocial do Aires faz-se sentir, mas de forma algo agridoce. Sendo um teledisco para toda a família (tem gajas, explosões, desenhos animados, um velho a comer polvo, etc.), ficamos a sensação que poderia ter chegado mais longe. Ainda assim, um forte candidato à vitória final.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "Zé Bernardo, por que razão escolheu este teledisco?"

 

 

Zé Bernardo

(clique na sua boca para ele sentir amargueza)

"Simples. Eu, no fundo, sou como o Mário Augusto: gosto é de os ouvir falar de Portugal. Eles não falam em Portugal per se, mas foi filmado em Lisboa, é equivalente. Quando me falta conversa, costumo dizer que já vi os Limp Bizkit no Cais do Sodré e as pessoas acreditam por causa deste vídeo. Uma vez também vi os Hoobastank, mas ninguém acredita.

 

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

18
Set09

"Torero", de Chayenne

gana

 

Pá, basicamente, estamos a eleger o melhor teledisco da presente década. Votam os elementos dos GANA e alguns dos seus mui estimados colaboradores. Se sua excelência carece de mais esclarecimentos, vá aos posts anteriores, andor. Se, por outra, achar que “eu faço o que eu quiser, penso pela minha cabeça, ó GANA”, clique aqui para recebermos uma sms e baixarmos a cabeça, cheios de vergonha por termos dado ordens à sua pessoa.

 

 

 

 

João Moreira

Esta semana dissecamos a selecção de João Moreira, um dos membros fundadores de toda esta bodega, homem cuja sanidade tem vindo a sofrer fortes rombos devido à miríade de vozes que se vê obrigado a fazer pelas gripes permanentes de Pombeiro e a profunda incapacidade de Santo em fazer mais que a sua própria voz


__________________________________________________________________________________

 

Informações gerais

Teledisco de 2002 ou 2003, presumivelmente, que a informação é difusa (ao estilo de Camões, que também ninguém sabe se nasceu em 24 ou 25 do século XVI). A cantiga era um de três temas inéditos presente num best of de Chayenne, “Grandes Éxitos” de seu nome, e, tal como todo e qualquer tema inédito de qualquer best of da história do mundo moderno, pretendia apenas convencer aqueles fãs que, com propriedade, se questionam relativamente à mais-valia de um best of quando já têm todas as cantigas noutros discos. Outros truques de marketing equivalentes, e homologados pela mente humana mais básica como “eh pá, assim já vale a pena”, vão desde “remasterização” a “sim, mas este tem outra capa, mais moderna”; sendo que, na verdade, os temas inéditos presentes em best of costumam ser bastante preguiçosos. Porém, eis que, surpresa das surpresas, este Torero ganhou vida própria, vendo-se Chayenne na obrigação de criar um teledisco e administrar o devido valor a esta peça musical de excelência.

__________________________________________________________________________________

 

Pontos a favor

 

1. Chayenne sempre foi um visionário e negar esta sentença significará fazer figura de parvo seja onde for. Neste teledisco, por exemplo, o autor porto-riquenho apresenta-nos uma forma eficaz de andar mais à vontade em metrópoles. Passo a explicar: repare-se como os passeios estão todos cheios de gente, menos aqueles por onde Chayenne se move. A mensagem é tão clara quanto proveitosa: andem de casaco de cabedal em dias de sol em pleno século XXI e acompanhem a vossa locomoção com um cantar danado, como se fossem ajustar contas à rua dum indivíduo que, enquanto fingia que pegava o jornal do dia no café, apalpou a vossa namorada numa mama. É apenas uma das muitas formas de poder andar à larga, sem ter que aturar as paragens e desvios repentinos dos velhadas. Cortesia de Chayenne, obrigado.

 

Chayenne, todo à larga, à vontadinha, e um exemplo de todos os

outros passeios deste teledisco: só maralha a entupir tudo.

 

2. Como se não bastasse já o ponto anterior para termos todos uma vida mais feliz, o autor porto-riquenho sugere-nos ainda uma inovadora medida de segurança rodoviária: uns óculos especiais que substituem funcionalmente o capacete, substituindo-o ainda, e com melhorias evidentes, a nível de “estiloso”. Devem ser é caros.

 

Chayenne com os seus óculos 100% segurança e 200% estilo (esquerda)

e Chayenne dançando, ainda com os mesmos óculos (direita). Trata-se de

outra grande vantagem comparativa destes óculos, que dançar com

o capacete na cabeça iria parecer apenas ridículo.

 

3. Registe-se, com inusitada excitação, a presença duma pessoa a dançar com um cão, que é um acto louvável em qualquer latitude. É particularmente bom porque a pessoa que dança com o cão acha sempre que o bicho gosta muito e que é o ponto alto do seu dia. Bem, com cães, até deve ser, que tudo abaixo de punições físicas é o ponto alto do dia de um cão. Seja como for, trata-se de um momento divertido, sendo que aqueles que, como eu, gostam de saber mais sobre danças entre humanos e animais, devem também experimentar fazê-lo com um gato, se quiserem ver a expressão mais enfadada possível em seres vivos.

 

Pessoa dançando com cão. O cão está contente

porque é estúpido. É meio caminho andado para

se ser feliz.

__________________________________________________________________________________

 

Pontos contra

 

1. A eterna questão dos maus exemplos volta à baila. A garotada que não pense que se pode parar o trânsito para fazer uma coreografia (ainda que uma com uma definidora vertente de paquera) e não sofrer profundas consequências. Caso tente emular o comportamento do Chayenne a este nível, fique sabendo que corre sérios riscos de ser abatido, agredido na cara com uma picha de boi ou vir serem-lhe atirados o macaco e o pneu sobresselente em pelo menos 17 dos 18 distritos nacionais (tenho dúvidas em relação a Castelo Branco). Tudo bem que o Chayenne é um ídolo para a humanidade, mas nunca conduziu em, por exemplo, Lisboa. Eu já. No seguimento, outra ocorrência relacionada com o tráfego - e que me parece absolutamente irreal - é a de os automobilistas danados (condição normal, se formos bem a ver) se juntarem à coreografia. Não se fiem nisto, que nem se condutor não tiver uma picha de boi, uma arma, um macaco ou pneu sobresselente, isto vai acontecer. De lembrar que Isto é um teledisco, e logo com o Chayenne, entidade aglutinadora de vontades e terminadora de conflitos, logo, no dia-a-dia, não é de fiar que aconteça assim, que eu até o Rão Kyao já vi levar uma chapada por não ter metido o pisca. Não se metam nisto.

 

Gajo no trânsito, logo com ar de "então, *******?". É

o pendura, que o condutor já deve ter ido buscar a

picha de boi.

 

"Afinal vou dançar com este homem, em vez de lhe

querer pegar fogo em frente aos seus próprios filhos".

 

2. Os coreógrafos fazem umas acrobacias, tudo bem, nada contra. Mas, mais uma vez, dão um mau exemplo às crianças. A primeira acrobacia é um salto mortal. Difícil de fazer. A segunda é um salto para trás que costumam fazer na ginástica dos Jogos Olímpicos. Difícil de fazer. A terceira acrobacia é um salto normal para trás. Fácil de fazer e absolutamente banal. O recado que passa é o de que todas estas acrobacias são fáceis, ainda para mais com as crianças a terem um intervalo de atenção cada vez mais curto e a só se lembrarem da facilidade do último salto. Quantos garotos não vão querer imitar os saltos que viram no teledisco do Chayenne? Todas. E quantas vão fazer este último salto e conseguir, tentando de imediato um dos outros dois saltos? Todas (talvez um gordo ou outro não consiga o terceiro salto). E quantas vão partir o pescoço a tentar uma destas duas acrobacias? Todas. E quantas vão morrer com a brincadeira? Provavelmente, para aí metade, que agora os médicos salvam quase tudo. Ouvi falar num bebé que nasceu sem cabeça e os médicos salvaram-no. Foi na Índia, acho eu.

 

Um salto para trás. Que, bem vistas as coisas, até pode

muito bem ser salto para a frente rebobinado num vídeo.

 

3. O Chayenne faz isto tudo por causa daquela mulher e, no final, só saca um beijo? Enfim, parece pouco. E, às tantas, ela anda-se a deitar com um tanso qualquer lá no emprego, só porque ele não lhe liga/tem namorada/fá-la sentir-se inteligente, ao ser naturalmente bronco/é parecido com o pai dela, etc., mas ao Chayenne, que a ama tanto ao ponto de arriscar a sua própria vida para fazer uma coreografia (que dura umas 24 horas, é de notar) em hora de ponta numa grande metrópole, só dá um beijo que mais pareceu misericordioso. Vá-se lá entender as gajas.

 

Chayenne, com direito a legenda e tudo, a beijar a

mulher que ama e a quem dedicou uma coreografia

épica. Nem meia hora depois, esta mulher poderá ter

estado semi-nua no WC com um colega de trabalho, o

que não deixa de ser irónico.

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: estamos, sem dúvida, na presença de um fortíssimo candidato à vitória final! Abarcando vários espectros horários (dia, noite, etc.), este “Torero” é um daqueles casos em que os defeitos são rapidamente engolidos pelo mar de qualidade ímpar que nos proporciona. É a bonita história de um homem que, pelos vistos, ia danado com alguma coisa na rua, mas que se apaixona, dedica uma dança exemplarmente coreografada com desconhecidos à sua amada, e depois abala na sua mota, bem mais feliz do que quando o vimos pela primeira vez. Não posso deixar, porém, de lembrar que as más-línguas dizem que era este teledisco que João Pombeiro queria escolher, mas, não se lembrando no nome, acreditou na boa-fé de João Moreira, que lhe transmitiu que este teledisco seria do Chad Kroeger e se chamava “Hero”. São boatos que podem enegrecer esta escolha de Moreira. Vamos ver se há desenvolvimentos a este nível.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "João Moreira, por que razão escolheu este teledisco?

 

 

João Moreira

(clique em sua cabeça e ele sentirá uma pontada)

Eu já sei é que esse boca suja do Pombeiro já andou por aí a espalhar que a minha escolha seria afinal a dele, aspecto que aproveito para negar veementemente. Esta foi a minha opção porque é um teledisco onde as metáforas de e para a vida são evidentes. E tem as pessoas a andar com imagem acelerada ao início, que é um mecanismo de comédia que sempre me agradou. Rio-me sempre. Outro mecanismo de comédia que aprecio de sobremaneira é a chamada inversão. Eu até prefiro ler - gosto muito de ler - a ver televisão, mas vejo-me obrigado a dar sempre a mão a palmatória em relação a este teledisco do Chayenne.

 

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

11
Set09

“Brega do Raparigueiro”, de The Smashing Pumpkins

gana

 

Se ainda não está familiarizado com clipe limpo, clique aqui (se for um usuário Mac) e leia tudo até "Obrigado" ou carregue com o botão direito do rato aqui e depois em "abrir noutro separador" ou aba ou lá o que é (se for usuário PC) e leia tudo até "Obrigado". Obrigado.

 

 

 

A selecção de hoje é da autoria de Marcelo Barbosa, inatacável personalidade  de elevados  padrões morais.

 

Bio oficial de Marcelo Barbosa

 

Cidadão brasileiro de pleno direito, Marcelo Barbosa é versado em diversas artes, nomeadamente a nível criativo e prático. Natural de Porto Alegre, não distingue bem o Grémio do Internacional, facto que, durante a escola secundária, lhe valeu muita “[equivalente brejeiro de relação sexual um tudo-nada mais abrutalhada] à galo” e aquela coisa de levar com o dedo indicador e o dedo médio de outra pessoa, emparelhados, no pulso com toda a força. Colabora com os GANA a nível ideias avulsas e ajuda Pombeiro em coisas de animação que este último não saiba fazer/não queira fazer derivado a: preguiça. É mais amigo de Moreira porque foi o que conheceu primeiro, mas o seu preferido, como de resto com toda a gente, é Santo.


Marcelo Barbosa

(clique em sua cabeça para conhecer alguns dos seus trabalhos nota 10)


__________________________________________________________________________________

 

Informações gerais

Com realização a cargo de P.R. Brown (?-?), este clipe musical data de 2007 e, a bem dizer, resume-se à banda The Smashing Pumpkins interpretando uma versão de “Brega do Raparigueiro”, emblemático hino de Kelvis Duran. Em termos conceptuais, os The Smashing Pumpkins limitaram-se a convidar pessoas até ficar cheio e demasiado calor no local das filmagens, tendo depois começado a tocar num ambiente psicadélico-básico. É ainda de notar que a banda apresentaria aqui a sua nova formação, já sem aquela gaja loura e aquele chinês, e sobre a qual ninguém quer saber o que quer que seja. Na prática, aqui os The Smashing Pumpkins já eram apenas o Bill Corgan (porque a banda é mais dele) e o baterista com bexigas (porque tem uma casa para pagar).

__________________________________________________________________________________

 

Pontos a favor

 

1. Bill Corgan nunca foi o melhor exemplo estético do que é um humano – de resto, fui eu que inventei o rumor de que o homem teria seis dedos numa mão e que se via num dos telediscos mais antigos, rumor esse que, por volta de 1998, cerca de 3/8 da população nacional já havia discutido -, mas há que reconhecer o mérito de, seja em que circunstância for, se optar por usar uma capa. O planeta será um local melhor quando for governado por homens de capa, isto parece-me claro.

 

2. Tem uma mulher a tocar baixo, ocorrência que, oito em dez vezes, dá pica. O dado estatístico que delibera que oito em cada dez acontecimentos, sejam eles quais forem, dão pica a qualquer homem deverá, aqui, ser considerado como irrelevante em dinâmicas contra-argumentativas.

 

Mulher tocando guitarra-baixo. A parte

de ser mulher é 99% do encanto,

valha a verdade.

 

3. Um dos guitarristas abana muito a cabeça (em grande plano ali por volta do minuto e 48), denotando divertimento extremo ou apenas um ataque epiléptico. Seja como for, é divertido para quem vê, sendo ainda completamente inofensivo para a saúde da pessoa que estiver a abanar muito a cabeça.

 

À esquerda, em grande plano, o homem

que abana muito a cabeça. Divirta-se

contando quantas vezes ele abana muito

a cabeça neste teledisco. O primeiro

sujeito que adivinhar fica a saber um

segredo sobre um GANA à escolha.

__________________________________________________________________________________

 

Pontos contra

 

1. Tem um gajo dos Papa Roach, facto que, sob qualquer prisma, dispensará quaisquer desenvolvimentos adicionais.

 

Papa Roach no vídeo.

 

Três dos quatro Papa Roachs que

podem ser o Papa Roach de cima.

 

2. Tem o gajo dos Bloc Party, facto que, sob qualquer prisma, dispensará quaisquer desenvolvimentos adicionais.

 

Gajo dos Bloc Party. Entrou neste

clipe para dizer "ando aí agora

num projecto com o Smashing

Pumpking" quando as pessoas lhe

perguntarem "então, o que é que

andas a fazer agora?" lá no Bairro

Alto onde ele costuma sair à noite.

 

3. Olhem-me bem para a quantidade parva de guitarras que o teledisco tem! Isto acontece porque toda a gente quer tocar guitarra, pensando que as mulheres gostam mais, quando, na verdade, quem tem grande saída são os bateristas. Nos Beatles – e isto é um facto histórico documentado -, Ringo era o que mais se metia em mulheres. Nada mau, para um gajo que parece o Arafat. Enfim, a quantidade de guitarras neste teledisco é apenas mais uma prova de que os homens tudo fazem para agradar, erradamente, às mulheres e muitas deles nem dão valor nenhum.

 

Muitas guitarras, e esta parte nem é aquela

onde aparecem mais. Descubra, afinal,

quantas guitarras aparecem e fique a saber

outro segredo (pior que o anterior, porém,

mas bom na mesma).

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: este clipe do conjunto que, em tempos, foi o 6º melhor do estado norte-americano do Illinois (atrás de Wilco, Cheap Trick, Chicago, Survivor e Reo Speedwagon), prima pelo divertimento. Com muito boa dinâmica, bem como excelente ritmo e conjugação musico-imagética, este "Brega do Raparigueiro" afirma-se, a meu ver, como um consistente candidato à vitória final. A música deve ser isto: diversão, multiplicidade, heterogeneidade e pessoas de capa. Preenche, portanto, quatro dos seis critérios basilares de qualquer teledisco épico. Uma escolha muito competente, sem dúvida.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "Marcelo Barbosa, por que razão escolheu este teledisco?"

 

Além de ser o meu preferido, foi desse daí que me lembrei na hora, mas tenho a certeza que chega perfeitamente para ficar na frente dos outros dois caras que já escolheram. Dois baba-ovo da produção musical e audiovisual norte-americana, nada mais. Se minha escolha não ficar no mínimo em terceiro nesse concurso, boto a boca no trombone e falo tudo o que sei sobre os GANA. Não é uma ameaça, estou só falando."

 

Agora clique na cabeça de Marcelo para uma

surpresa incrível 

 

 

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

04
Set09

"Butterfly", de Crazy Town

gana

 

Nos últimos meses, uma habilitada delegação dos GANA – composta por meia dúzia de indivíduos, entre elementos fundadores, colaboradores e afins – reuniu-se para eleger o melhor teledisco da década que em breve findará (2000-2009). Vá ler o resto da intro ao capítulo anterior, se quiser. Não sou seu criado.

 

E, se foi ler a intro como lhe mandei, já deve saber que é favor ver primeiro o clipe, de mente aberta, sem estar já todo influenciado pelo que depois se diz! Agradecido.

 

 


Já está? Olhe que tenho forma de confirmar isso. Bom, este segundo clipe musical surge aqui enquanto venerável escolha de Filipe Ferreira.

 

Bio Oficial de Filipe Ferreira

 

Filipe Ferreira é arquitecto de formação, colaborando com os GANA a nível de vozes, ideias avulsas, ideias normais e ir a jantares para a mesa ficar mais composta. O seu principal poder é o facto de nunca chegar a nada sem ser atrasado.

     Filipe Ferreira

__________________________________________________________________________________

 

Informações gerais

Datado de 2001, “Butterfly” é realizado por Honey (?-?), tendo sido filmado no decurso de um único dia em Los Angeles. O teledisco conta com a animada presença dos elementos da banda e gajas. Como fait-divers, podemos adiantar que todos os elementos da banda têm uma alcunha (Epic, Shifty, Squirrel, Faydoedeelay e Trouble Valli), excepção feita ao baterista. De resto, o baterista só não tem alcunha porque é o que tem menos amigos na banda. Prova disso mesmo é o facto de apenas ser convidado para as festas de aniversário quando o aniversariante convida alguém e o baterista também lá está e parecia mal não o convidar. Os bateristas são, a nível mundial, a pessoa que os outros elementos da banda menos gostam, essencialmente porque podem estar sentados, sendo que, depois, o cachet é a dividir por todos na mesma. Os outros músicos tendem a achar injusto. Ou seja, e para esclarecer desde já, o baterista dos Crazy Town não é aquele que todos menos gostam por ser de outra cor, atenção. Cautela com essas hipóteses de teor coiso!

__________________________________________________________________________________

 

Pontos a favor

 

1. Ao passo que quase todos os telediscos seguem o cânone nórdico – i.e., é bastante fácil definir qual a pessoa mais odiosa -, este “Butterfly”, dos Crazy Town, tem a extraordinária característica de nos vetar a escolha de que gajo abominar mais. Não digo que, aqui, todos os intervenientes sejam detestáveis por igual, mas o que acontece é que, quando achamos que “eh pá, olha-me para este idiota, é o que odeio mais”, surge outro que coloca tudo em xeque. E, como sabemos, é sempre amplamente positivo quando um teledisco nos desafia a esse nível tão profundo.

 

2. Para além do penetrante desafio e estímulo mental referido no ponto anterior, este teledisco levanta diversas questões ao nível da sempre emblemática questão “então mas afinal está frio ou calor neste clipe?”. A floresta aparenta um ar marcadamente tropical, mas isso pode querer dizer pouco em relação aos “mãe, é preciso levar casaco?”; e, na verdade, temos é que nos centrar na indumentária das pessoas que estão, de facto, a vivenciar o clima em causa. E que temos? Ora, três pessoas em tronco nu (o que, em princípio, significa uns 30/35 graus ou que as pessoas estiveram a acartar coisas), duas de t-shirt (pouco acima de 20 graus, portanto) e um de camisa – invernal, cheira-me, abotoada até cima - e gorro (10 a 13 graus). Por outro lado, pode ter acontecido terem estado a jogar à bola e, para facilitar a distinção, três estavam de tronco nu e outros três estavam de tronco coberto. Também é possível. Enfim, são tantas as hipóteses.

 

Cá os temos. A vermelho, as pessoas em tronco nu, deixando antever

uma temperatura de 30/35 graus e, a azul, as pessoas de t-shirt, claro

indicador de uma simpática temperatura a rondar os 23 graus. Tudo

bem, nada de muito díspare.

 

Mas, ai o caraças, está aqui um

homem cheio de frio, porra! Afinal

como é?

 

3. O terceiro ponto profusamente positivo prende-se com acções do vocalista que tem t-shirt. Primeiro, ainda antes do minuto um (aos 48 segundos, para ser mais exacto - valores indicativos, não sou nenhum autista), este homem brinda-nos com os melhores quatro (creio) segundos de dança a pensar que se tem estilo e sem ser a gozar. Mais adiante, ao minuto e cinquenta e quatro, e percebendo que se tinham esquecido de gravar uma parte, este homem, o vocalista de t-shirt, ofereceu-se para gravar em casa, tendo acabado por gravar esse pedaço com uma daquelas coisas de protecção de ecrã do Windows ou fundo de ecrã, sei lá, por trás. Para o público não notar muito a diferença, está bom de ver, mas há que valorizar aqui essencialmente o desenrasque, que chamar toda a gente só para gravar um bocadito tende a ser um tormento logístico.

 

Apenas um pequeno momento dos melhores

quatro (creio) segundos de dança a pensar

que se tem estilo e sem ser a gozar.

 

Momento "sabia que?" desta vasa de legendas:

Aquela música do Windows a começar  (a tumtu-

numtumnanan) é da autoria do Brian Eno? A do

Windows a acabar (tunumnumnum) também deve

ser. Faça, no primeiro caso, apostas às cegas com

os seus amigos e moderadamente, no segundo.

__________________________________________________________________________________

 

Pontos contra

 

1. Andar no mato em tronco nu é um perigo, nomeadamente, se algumas daquelas ervas forem feno (tudo indica que sim) ao nível da febre da carraça. Tal como no teledisco anterior (escolha de Pombeiro), temos então mais um mau exemplo para as crianças. Neste quadrante, considero-me bastante liberal, até porque bem sei que é complicado para um conjunto de música não enveredar em comportamentos de risco. Logo, é também complicado que os seus clipes musicais não evidenciem pelo menos um desses comportamentos. Compreendo tudo isso; agora não me peçam é para enaltecer essas mesmas condutas arriscadas. Não contem comigo para isso!

 

2. Não entrando em contradição com o ponto primeiro da categoria anterior, devo confessar que o guitarrista me assusta. Fisicamente, já deixa as pessoas na dúvida se não se trata de um sociopata que, por exemplo e não sendo demasiado específico, escreve poesia na parede do quarto dos pais com as próprias fezes, mas depois há que contar ainda com o facto de adoptar posturas pavorosas, de marioneta ou afim, balançando a cabeça. Tenho medo desse homem, dispensava-se.

 

Aquele homem que mete medo, sempre a abanar a cabeça, ora para a esquerda, ora para a

direita, a imitar um boneco, só para assustar as pesssoas. Velhaco.

 

3. As bandas de música têm a extrema necessidade de mostrar que comem gajas, não vá alguém esquecer-se. Este teledisco é apenas mais um culminar visual dessa apreensão e, nesse sentido, somos obrigados a constantes manifestações de “estás a ver esta gaja? Ando a comê-la”; o que, se alguma coisa, dá pena e vergonha alheia. Além de que se percebe perfeitamente que são gajas pagas, que nenhuma mulher do planeta alguma vez quis ver nu um homem com as unhas pintadas com as seguintes cores: preto, cinzento, etc.

 

"Já deve dar para ver que ando a comer esta

gaja. Estou aqui ao pé dela, as pessoas já

devem perceber que ando a comer esta gaja, ".

 

"Se calhar não chega. Vou-lhe meter o polegar

na boca e assim as pessoas ficam com a certeza

que ando a comer esta gaja. A comê-la."

 

"Vou mas é dar um beijo com a minha boca na

boca dela e assim as pessoas ficam mesmo a

ver que eu ando a comer esta gaja. Ela também

me está a dar beijos com a boca dela na minha

boca."

 

"Eu também estou a comer uma gaja! E ela gosta

mais de mim que eu dela, que eu tenho muitas

namoradas. Esta é amiga da outra, não é nada pu***."

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: Este clipe dos Crazy Town começa bem, com uma floresta tipo Jardim do Éden, com algumas partes feitas em computador - mas bem feitas, em Super VGA. Mas, à medida que os minutos vão passando, não há grandes desenvolvimentos (só tatuagens e gajas a transformarem-se em borboletas, nada de especial), e, perante início tão promissor, acaba por saber a pouco. Bem, uma escolha digna, sem dúvida, apesar de Filipe Ferreira lhe ter associado um espectro de rebaldaria e falta de respeito por esta eleição ao não escrever o titulo e intérprete do clipe no boletim de voto (como fizeram todos os restantes elementos do júri), mas antes a descrição “é aquele vídeo dos Linking Park, numa floresta, com borboletas, está a banda toda a tocar, toda lá na floresta e aparecem umas gajas”.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "Filipe Ferreira, por que razão escolheu este teledisco?"

 

Filipe Ferreira chegou atrasado à conferência de imprensa onde nos  elucidaria e, tendo o analista Clipe Limpo o tempo contado devido a boleias e assim, não foi possível recolher o seu depoimento.

 

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

28
Ago09

"Hero", de Chad Kroeger e Josey Scott

gana

 

Nos últimos meses, uma habilitada delegação dos GANA – composta por meia dúzia de indivíduos, entre elementos fundadores, colaboradores e afins – reuniu-se para eleger o melhor teledisco da década que em breve findará (2000-2009). Após intensa troca de visões que, não raras vezes, redundou em ofensas pessoais, partilha de segredos íntimos/comprometedores ou ameaças à integridade física de familiares que não se conseguem defender por serem velhos, novos ou delicadas mulheres, foram apurados seis nomes. De esclarecer, em relação ao critério de selecção, que cada delegado escolheu um nome, sendo que esse nome teria que, da parte dos outros delegados, não sofrer objecções. Por não objecção, entenda-se aqui - senão nunca mais nos despachávamos - um “conseguir quedar-se calado, ainda que visivelmente enojado com a escolha em questão”. Os telediscos, após a apresentação e análise crítica do nosso especialista na matéria, serão alvo de uma votação por parte de todos vocês, os nossos estimados seguidores.

 

É favor ver primeiro o clipe, de mente aberta, sem estar já todo influenciado pelo que depois se diz! Obrigado.

 

 

Já viu? Então, fique sabendo que este primeiro clipe musical trata-se da escolha pessoal de João Pombeiro, respeitável membro fundador e realizador dos GANA.

 

 

     João Pombeiro

__________________________________________________________________________________

 

Informações gerais

Teledisco de 2002, realizado por Nigel Dick (1953-?), onde marcam presença Chad Kroeger (a cantar e a tocar guitarra), Josey Scott (a cantar e a tocar guitarra), Tyler Connelly (a tocar guitarra), Mike Kroeger (a tocar baixo), Jeremy Taggart (a tocar bateria), Tobey Maguire (a fazer de Homem Aranha), Kirsten Dunst (a fazer de namorada do Homem Aranha) e Willem Dafoe (a fazer de mau). A título de curiosidade, de referir que Matt Cameron (ex-Soundgarden e actual Pearl Jam) foi o baterista da versão áudio da cantiga, mas não quis aparecer no vídeo, citando “questões familiares” como justificação (não quis ir), e que Jerry Cantrell (ex-Alice in Chains) foi a primeira escolha para tocar o solo de guitarra, baldando-se em cima da hora dizendo que queria antes concentrar-se no seu álbum a solo (não quis ir).

__________________________________________________________________________________

 

Pontos a favor

 

1. Há uma bateria no telhado, o que revela trabalho e esforço, ou, sendo mais correcto, respeito pelo público e pela visão artística do realizador. Era tão mais fácil levar apenas uma daquelas baterias pequenitas que é só um tamborzeco de ar tropical e um par de baquetas, mas nunca seria a mesma coisa. É certo que alguém deu cabo das costas para levar aquilo lá para cima, mas que não restem dúvidas de que compensou amplamente. Enfim, só mesmo quem nunca levou um sofá para um 3º andar pode não dar valor a esta mais-valia.

 

2. Quem não viu o filme, e não tem duas horas para mandar ao ar, fica a perceber tudo. Na prática, o homem aranha é mordido por uma aranha, desenha-se a si próprio, atura o mau, que só andava a moer o juízo às pessoas, e salva a rapariga, que fica todo consolada (ver resumo disponível em baixo, a ver se não é tal e qual isto). O tempo que se poupa a ver telediscos como este é inegável. Pode aproveitar a hora e cinquenta e sete minutos que ganha de vida para pedir desculpa a todas as pessoas para quem foi mau até hoje. Comece pela sua mãe, pelas vezes que foi respondão.

 

 

3. Há pormenores de considerável delícia, como o facto do outro guitarrista/vocalista estar sentado no início, a não querer jogar, mas depois lá se levanta, dando a sua mão à palmatória. Sem dúvida, uma muito bem urdida metáfora da vida pós-moderna, e que, provavelmente, escapou a muito boa gente.

 

O outro vocalista/guitarrista, possivelmente amuado,

a não querer participar.

 

Aqui já a levantar-se (chiça, parece um fantasma;

não mostrem à garotada, que depois não dormem).

 

Aqui aproximando-se, de rabinho entre as pernas

com a sua viola.

 

E cá o temos, já em plano de destaque, com a sua

viola de chorar baladas, como se nada fosse.

 

Outro pormenor digno de pré-excitação é o do guitarra-baixo às vezes estar ao pé dos outros, mas às vezes  já estar naquela parte mais alta, no telhado daquela casita. E vice-versa. Este teledisco, de facto, é um festim para os que, como eu, gostam de reparar nas várias camadas das obras.

 

"Eu fico aqui em cima, eu quero ficar aqui em cima!"

 

"Eu também quero ficar ao pé de vocês!"

__________________________________________________________________________________

 

Pontos contra

 

1. Pode ser complicado refutar o argumento “mas qual é a piléria disto, é só uns gajos a tocar em cima dum telhado, intercalado com uns bocados do filme do Homem Aranha?”. Mas, ora bem, será sempre, como em tudo, uma questão de retórica.

 

2. O vocalista/guitarrista deste conjunto chega-se muito à beira do prédio, o que é um perigo, sobretudo porque há sempre crianças influenciáveis a ver e com acesso facilitado a topos de prédios. Bem sei que os guitarristas têm muito esta mania de tocar os solos em sítios muito altos e adoptar posturas muito descontraídas perante o perigo de cair, mas as figuras públicas devem sempre dar o exemplo mais correcto. Já bem basta o Puff Daddy que se ia matando todo naquele teledisco, credo.

 

Não há volta a dar: estes rockers vivem para desafiar

o perigo! Também faz parte.

 

3. Na verdade, há diversos grandes planos desenquadrados, todos desenquadrados. Não sou nada fã disso, mesmo que seja opção estética de vanguarda.

 

Se era preciso aquele espaço todo do lado direito,

sem nada. Não se percebe.

__________________________________________________________________________________

 

Apreciação muito geral: um teledisco que cumpre, mas que, a meu ver, fica um tudo-nada aquém do deslumbre. Não obstante, algumas das metáforas e demais figuras de estilo estão consideravelmente bem conseguidas. Ainda assim, duvido que a escolha de João Pombeiro surpreenda por aí além na classificação final, mas, nesta coisa da democracia, já aconteceram coisas mais estranhas.

__________________________________________________________________________________

 

Questão final: "Pombeiro, por que razão escolheu este teledisco?"

 

"Bem, é sobretudo por ser um clipe que une duas das minhas grandes paixões: cantar e o cinema. Além disso, considero que a mensagem é bonita e ver isto dá-me sempre força anímica para enfrentar as adversidades do dia-a-dia. Acho que, inclusive, me curou um pulso aberto, pelo menos uma vez. Gosto muito. Votem neste."

 

Analista Clipe Limpo

Mauro

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2010
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2009
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2008
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub